Essa caminhada não é pelo fim da violência urbana.Estamos caminhando na madrugada para questionar por que as mulheres não podem andar à noite nas ruas.
Dia 25 de novembro é o dia internacional do combate à violência contra as mulheres, e essa data tem sido visada para pensar a violencia doméstica.
Além da violência física, nós queremos pensar nas violências simbólicas que restringem nossas possibilidades de andar livremente pelas ruas das cidades.
Não é só o estupro que nos vitimiza.São os olhares invasores que tentam advinhar o que temos embaixo das roupas, são os sussurros que não entendemos, mas sabemos o que querem dizer, é quando alguém(geralmente um homem) passa a mão em você.Isso nos torna vítimas de um medo constante de transitar, em especial à noite.Não é a escuridão que é perigosa, não são as ruas: perigoso é o sistema é o sistema de dominação que se aproveita da noite para criar um espaço de poder em que alguns homens acham que são donos de nossos corpos, como acham que são donos das ruas. Em casa nos trancamos atrás de muros e grades,nas ruas a polícia finge nos proteger; mas os espaços públicos,tanto quanto os privados, são restritos.Se o acesso aos lugares privados é controlado pelo dinheiro, nos espaços públicos ele é controlado por gênero,raça, idade, pela ilusão de segurança de quem se guarda dentro de um automóvel. Quando se espera que sigamos imóveis, que não questionemos estrturas do poder masculino e silenciamento feminino , que o medo nos corroa e nos lembre a todo instante de que estamos transitando por espaços que, para nós, são inseguros;quando tudo isso cai como um peso em nossas existências, andar se torna um ato radical. Cansamos de ser vítimas desses medos.Queremos que as ruas sejam um espaço livre em que possamos transitar com nossos corpos, nossos desejos, nossos sonhos.

Attach:livre.jpg Δ